Publicado na revista Escrita número 23

Acordo antes do Sol,
espero a alvorada
secando o horizonte.
Nem os broto floriram,
nem as abelhas labutam,
nem o vento sul assobia.
Vejo tudo só, quieto, escuro.
Já não é mais noite,
tão pouco é dia.
As estrelas se escondem,
se retiram, somem uma a uma.
E o astro rei é apenas um facho,
uma mácula no manto de escuridão.
Quando o sol se espreguiça,
As gotículas de orvalho
que cobrem a relva
se transformam em brilhantes,
que cintilam num tapete verde.
Vejo estrelas no prado.
Quer ser o calor que emana do teu olhar,
acariciar seu rosto, pele de veludo.
Seguir as curvas
linhas que desenham tua feição,
ser teu vulto, tua sombra.
Agora que já és o brilho
que clareia minha visão.
Pálida, a lua se vai,
mas os sonhos permanecem.
planos paralelos
que se cruzam antes do infinito.
Noites sem fim sob um céu estrelado,
enrubrecerão a alva castidade lunar.