– Auê de leitura e brincadeiras em escolas municipais.
Guatá levou o Tirando de Letra à Semana Literária da Educação –
Acima, cenas do “Auê Literário” realizado na Escola Municipal Santa Rita.
Clique aqui e veja fotos do Auê na Escola Municipal Benedicto João Cordeiro
Clique aqui e veja fotos do Auê na Escola Municipal Parigot de Souza
Em um mundo tecnológico e mecanizado, em que chegou-se a decretar a morte do artefato livro, promover o contato de crianças com a leitura e a criatividade por meio de simples brincadeiras e interações parece ser um ato transgressor. É a impressão dos participantes programa Tirando de Letra, realizado pela associação Guatá, durante a Semana Literária da Secretaria Municipal de Educação de Foz do Iguaçu.
Foram três dias de trocas e aprendizados entre estudantes, professores e os mediadores de leituras que visitaram as escolas municipais Benedicto João Cordeiro, Parigot de Souza e Santa Rita de Cássia. Cerca de 600 alunos das três instituições participaram de atividades lúdicas e culturais proporcionadas pelo módulo denominado “Auê Literário”.
O comboio cultural reuniu banca de livros, quadrinhos, volantes e adesivos literários, exposições visuais e um conjunto de dinâmicas. Tudo gratuito. Os jogos e minioficinas envolveram cantigas de roda, elaboração de sons tirados do ritmo das palmas das mãos, improviso de chocalhos de latinhas com sementes e tambores alternativos que garantiram a festa poética da criançadas.
Aluno da escola Santa Rita de Cássia, Guilhermo Gonzales, de 11 anos, divertiu-se com os discos em vinis. “O vinil não é do meu tempo, ele é o precursor do CD e agora do pen drive. Nunca vi um vinil tocando ao vivo, mas é um belo objeto de colecionador”, disse o menino. Enquanto os colegas se divertiam com as cantigas, Guilhermo apreciava, tocava e lia detalhes da coleção de vinis, coisa mesmo de especialista no assunto.
Cheio de ritmo, Nicholas Machado, de 8 anos, tocou o tambor improvisado, mas a descoberta de que é possível tirar som de tudo que é objeto surpreendeu o menino, que faz aula de bateria. Nesta dinâmica, foi praticado o conceito de ritmo e poesia presentes no dia a dia. “As crianças incorporaram o espírito da brincadeira e saíram cantarolando as letras das cantigas que conheceram ou relembraram na atividade”, contou a agente cultural da Guatá, Lisete Barbosa.
De acordo com a mediadora de leitura da associação Guatá, Áurea Cunha, buscou-se adequar as atividades ao gosto dos alunos. “O que ficou claro é que a garotada gosta de cortar o silêncio com a sua expressão. Então, por que não um encontro entre o ritmo e a palavra? Esta foi a proposta do Programa Tirando de Letra nestes três dias de atividades para marcar a semana literária no calendário escolar”, explicou.
Ritmo e poesia – O Auê Literário na escola Parigot de Souza foi no ritmo da poesia e contribuiu para reforçar o trabalho de literatura mantido pelos educadores no plano de aula. Para a professora de artes, Terezinha Dias, as atividades lúdicas desenvolvem o potencial da criança. “Ações como as da Guatá aqui na escola enriquecem e contribuem para o trabalho que fazemos”, destaca.
Para a coordenadora da escola, Viviane Marques, há mais de 20 anos no estabelecimento de ensino, a escola se ressente de não ter mais tempo para o lúdico. A professora aprova as atividade extracurriculares de incentivo a leituras e expressões e destaca a necessidade de mais iniciativas como a da associação Guatá.
“Em ocasiões como essa, podemos avaliar melhor o comportamento e o desenvolvimento dos alunos. Temos um conteúdo programático para vencer e muitas vezes não temos o tempo que gostaríamos para as brincadeiras”, explicou Viviane Marques. “Sabemos que faz falta estes momentos para atividades prazerosas que façam com que as crianças se interessem por vontade própria”, concluiu.
Boletim – A Guatá também ofereceu gratuitamente às crianças, folhetos literários e o “Caderno de Férias do Guatazinho”. O caderno contém brincadeiras possíveis de se fazer com a expressão verbal, trava línguas, letras de cantigas de roda, informações básicas sobre haikai e caça palavras. Também compõem o boletim, informações básicas sobre os cuidados para se combater o mosquito aedes aegypti.
Tirando de letra – A iniciativa nas três escolas iguaçuenses foi um desdobramento do programa “Tirando de Letra” executado nas feiras livres de Foz do Iguaçu. Desta feita, com o apoio da Fundação Cultural.
O Tirando de Letra é um programa permanente da associação Guatá, com o objetivo de incentivar o gosto e o hábito pela leitura e a produção de textos. Em mais de dez anos de existência, o programa já ocupou praças, terminais de transporte, escolas e outros logradouros públicos para estimular a leitura e a expressão verbal.
Até meados de dezembro, o projeto realizará intervenções em feiras livres e eventos culturais para a comunidade. Realizado desde 2005, o projeto foi reconhecido pelo Ministério da Cultura como Ponto de Mídia Livre (2011) e como Ponto de Cultura (2013-2015).
Paulo Bogler/Guatá