Um poema de Diana Araujo Pereira
Atualmente tenho poucas certezas
e ainda menos vontade
de me preocupar com elas.
Ando me balançando nas nuvens
que vejo do meu quarto
ando escorregando pelas frestas
entre a janela e a porta.
Aqui confinada, encaixada,
esforço-me a cada manhã
para não acabar o dia petrificada
esforço-me a cada instante
para recordar que a vida é fluxo
e que é preciso fluir.
Entre estar presa em casa
neste corpo
neste mundo
prefiro escorrer pelas brechas
pegando carona no vento
e me recompondo no sonho.
Mas também sinto que entre a mente e o coração
há caminhos ainda não descobertos
há aventura e diversão.
Quando menos espero
me pego vagando
por estes sendeiros de mim
improvisando rotas
e navegando nos mares
da minha solidão.
Neste momento de medo e angústia
mais vale a minha própria bússola
mais vale contar com a argúcia
do jogo que a vida me joga
do jogo que eu jogo com a vida.